domingo, 29 de janeiro de 2012

Dedicação de mãe

Ser mãe é a coisa mais maravilhosa que me aconteceu! É realmente emocionante ver aquele sorriso, aquele olhar, todos os gestos são mágicos... As vezes fico imaginando como posso amar tanto assim? 
Eu nunca quis ter filhos e sempre deixei isso claro pras pessoas a minha volta. Depois que me casei, com um homem maravilhoso que eu tinha certeza que seria um pai incrível, comecei a mudar de ideia.
Ter tido o Davi mudou a minha vida em vários sentidos, mas também descobri que nem tudo são flores e aquela velha frase que minha mãe vivia me dizendo é a mais pura verdade: Ser mãe é padecer no paraíso!
Hoje vejo que existem aspectos em ser mãe que só percebemos depois que realmente somos, depois que nossos filhos vem ao mundo. Nem mesmo durante a gravidez se tem a dimensão do que é essa realidade.
Eu fui criada sozinha, sem irmãos, muito mimada, egoísta e de repente ter que abrir mão de 100% da minha vida pra me dedicar a outra mexeu bastante comigo, esse era o ponto que eu não imaginava. Sempre achei que um bebê mudaria um pouco a minha vida, mas mudou completamente. Hoje vivo de acordo com o Davi, os horários dele, a rotina dele, o clima (se tiver sol não pode sair, se tiver chovendo também não e se tiver ventando também não!), enfim, tudo gira em torno dele e eu escolho me entregar completamente a essa nova vida.
Isso se chama maternar! Durante um período deixar minhas coisas de lado e assumir o papel de mãe em tempo integral. Sei que não vai durar pra sempre, daqui uns anos ele estará mais independente e conseguirá fazer muitas coisas sem mim e eu poderei voltar a fazer as minhas coisas. O problema é que esse conceito é novo. Até uns anos atrás, e me arrisco a dizer que até mesmo hoje em dia pra algumas mulheres, o normal é continuar vivendo a sua vida mesmo depois da chegada do bebê.  Nos primeiros dias deixar o bebê chorar no carrinho pra aprender a "ser independente", desmamar correndo o filho pra poder fazer o que tem vontade, largar a criança numa creche ou deixar com algum parente... Essa não é minha ideia de ser mãe, não foi pra isso que escolhi ter um filho, eu quero doação total, mas as pessoas não entendem isso e julgam das piores formas.
Como já escrevi nos postes anteriores eu tive muitos problemas com amamentação no início e conseguir amamentar meu filho com LM foi bem complicado e eu me orgulho de dizer que eu consegui, mas não foi parada e sim lutando pra isso, mas o que mais ouvi durante esses primeiros dias foi: Dá logo o LA, dá mamadeira. As pessoas querem que você faça o que elas acham que é o certo. Um dia desses ouvi do meu pai: Você é uma preguiçosa! Isso porque eu pago uma faxineira pra limpar minha casa e peço quentinha no almoço. O que ele e o restante das pessoas não entendem é que se eu for limpar a casa vou ter que deixar o Davi chorando no carrinho, o mesmo acontece se eu for fazer comida, então eu escolho fazer desse jeito, ficar com meu filho e só. Ter tempo pra brincar, arrancar sorrisos, gritinhos, cuidar, amamentar, ser mãe...
Nos momentos de cochilo eu tomo banho, dou um jeitinho no cabelo, faço alguma coisa em casa, mas logo ele acorda e começa tudo de novo. 
Não sou dona da razão, pode ser que meu jeito de maternar esteja errado, mas prefiro errar pelo zelo do que pelo desleixo.
Sei que tudo o que faço isso faço com todo meu amor, minha dedicação... E se ser mão é padecer no paraíso, o padecer vale muito a pena, pois o paraíso é repleto de tudo o que é mais incrível nesse mundo!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Soluções para noites sem choro





Notas do livro “Healthy Sleep Habits, Happy Child”, de Mark Weissbluth, MD

Recém-nascido: 1 Semana
- Bebê dorme bastante, 15-18 horas/dia
- Geralmente em intervalos de 2-4 horas
- Não há padrão de sono

2 a 4 semanas
- Sem tabela de horários, permita que o bebê durma quando precisa
- Bebê provavelmente não dormirá por periodos longos à noite
- O maior período pode ser de 3-4 horas

5 a 8 semanas
- Bebê está mais interessado em brinquedos e objetos
- O maior período de sono começa a aparecer regularmente nas primeiras horas da noite
- O período mais longo é de 4-6 horas (menos se tem cólicas)
- O bebê "fácil" tem períodos mais regulares
- Ponha-o para dormir aos primeiros sinais de cansaço
- Ponha-o pra dormir: não mais que 2 horas acordado
- Após acordar pela manhã já está pronto para soneca somente 1 hora depois
- O bebê vai se distrair mais facilmente, então precisa de um lugar quieto pra dormir
- Crie uma rotina de atividades que acontecem antes de cada soneca e da hora de dormir à noite
- Sinais de extrema fadiga: irritável, puxa o próprio cabelo, bate na própria orelha

3 a 4 meses
- A necessidade é maior de um lugar calmo e quieto para dormir, pois o bebê se distrai mais facilmente
- Não deixar o bebê acordado por mais de 2 horas (alguns agüentam somente 1 hora)
- 6 semanas de vida é quando o período de sono mais longo deve ser preferencialmente à noite (não de dia)
- O maior período de sono é somente de 4-6 horas
- Comece a colocar o bebê para dormir antes dele começar a ficar irritado ou sonolento


4 a 8 meses
- O sono do bebê se torna mais como o do adulto, com período inicial de não-REM
- A maoria acorda entre 7 da manhã, mas geralmente entre 6-8.
- Se o bebê acordar antes das 6 é bom colocar para dormir após mamar e trocar a fralda
- Não é possível mudar a hora que o bebê acorda de manhã colocando-o para dormir mais tarde
- Comidas sólidas antes de dormir tambem não resultam em acordar mais tarde
- O período acordado de manhã deve ser de cerca de 2 horas para bebê de 4 meses e 3 horas para bebês de 8 meses
- Então a soneca da manhã é por volta das 9 horas para a maioria
- Tenha um período tranqüilo e quieto, parte da rotina de dormir, com duração máxima de 30 minutos. Essa rotina deve começar 30 minutos ANTES do fim do período que o bebê fica acordado
- Um soneca só é restauradora se é de 1 hora ou mais, algumas vezes 40-45 minutos conta, mas 1 hora ou mais é o ideal
- Conte com outra soneca após 2-3 horas acordado
- Evite mini-sonecas no carro ou parque
- Não deixe o bebê tirar uma sonequinha para compensar uma soneca perdida
- Se o bebê tira a soneca quando deveria estar acordado, bagunça a rotina acordado/dormindo
- A Segunda soneca é geralmente entre meio-dia e 2 da tarde (antes das 3)
- Deve durar 1-2 horas
- Uma terceira soneca poderá ou não ocorrer, se ocorrer será entre 3-5 da tarde e geralmente bem rápida
- A terceira soneca desaparece por volta dos 9 meses de idade
- A hora de dormir ideal é entre 6-8 da noite, decida pelo quanto a criança está cansada
- Empregue uma rotina antes da cama com a mesma seqüência de eventos toda noite, assim a criança começará a predizer o que vem a seguir, ou seja, o sono
- A criança poderá acordar de 4-6 horas depois para mamar, algumas estarão com fome mas outras vão dormir direto, depende do indivíduo
- Uma Segunda mamada podera’ ocorrer por volta de 4-5 da madrugada,

9 a 12 meses
- A maioria dos bebês dessa idade realmente precisam de 2 sonecas/dia com duração total de 3 horas de sono
- Por o bebê pra dormir à noite mais cedo permitirá que ele durma até mais tarde de manhã (em alguns casos não )
- Rotina usual: acorda às 6-7 da manha, soneca da manhã 9:00, soneca da tarde 1:00 (antes das 3 pra não atrapalhar com o sono da noite), dormir à noite entre 6-8 pm
- Se o bebê que dormia à noite toda começar a acordar, tente antecipar a hora de dormir gradualmente de 20-20 minutos.

12 a 21 meses (1 ano a 1 ano e 9 meses)
- Muda de 2 sonecas para 1 soneca/dia, total duração de sono 2 horas e meia
- Se a mudança para 1 soneca é difícil, tente por na cama mais cedo, a criança poderá tirar 2 sonecas num dia e 1 no outro até estabilizar

21 a 36 meses (1 e 9 meses a 3 anos)
- Maioria das crianças ainda precisam de uma soneca
- Em média a soneca é de 2 horas mas pode ser entre 1-3 horas
- Maioria das crianças dormem entre 7-9 da noite, acordam entre 6:30-8 da manhã
- Se a soneca não aconteceu, é preciso por na cama mais cedo ainda
- Se a criança não dorme bem durante a noite, não permitir que a criança tire a soneca pode ser problemático, causar extrema fadiga
- Se a criança acorda entre 5-6 da manhã, e está bem descansada, pode-se tentar encorajar mais sono com cortinas escuras
- Ir pra cama mais cedo pode resultar em acordar mais tarde de manhã (sono traz mais sono, na maioria dos casos)

3 a 6 anos
- A maioria ainda vai dormir entre 7-9 da noite, acorda entre 6:30 e 8 da manhã
- Aos 3 anos a maioria das crianças precisam de 1 soneca todos os dias
- Aos 4 anos, cerca de 50% das crianças tiram soneca 5 dias/semana
- Aos 5 anos de idade, cerca de 25% das crianças tiram soneca 4 dias/semana
- Aos 6 anos de idade as sonecas geralmente desaparecem
- Aos 3 e 4 anos a soneca dura 1-3 horas
- Aos 5 e 6 anos a soneca dura entre 1-2 horas

7 a 12 anos
- A maioria das crianças de 12 anos vão dormir entre 7:30 e 10 da noite, na média 9 da noite. A maioria dorme 9-12 horas/noite.
- Muitas crianças de 14-16 anos agora precisam de mais sono que quando eram pré-adolescentes para manter a atividade ótima e serem alertas durante o dia



Tradução: Andreia Mortensen

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Mãe da mãe

Minha mãe sempre me falou que eu só saberia o que ela passava quando eu também fosse mãe. Lógico que eu achava que isso era frase pronta de mãe, frescura e tal. Essa história de não conseguir dormir enquanto eu não chegasse, ha, besteira. Pois é, agora eu entendo. 
Meu Deus, como pode haver um amor assim? Tão desinteressado!
Com a chegada do Davi comecei a entender muito mais a minha mãe, e a admira-la mais também. Suas lutas, todo seu esforço pra me criar e fazer de mim uma pessoa digna e honesta.
Minha mãe é parte fundamental na pessoa que sou hoje, ela não só me ensinou o básico, mas me ensina todos os dias sobre respeito, amor, convivência, etc...
Quando Davi nasceu pude contar com o apoio da minha mãe, que ficou comigo no Hospital e passou 1 mês na minha casa me ajudando em tudo.
Sinto que perdi tanto tempo, até dói de pensar. Na minha adolescência nós não nos entendiamos de jeito nenhum e hoje vejo nela minha melhor amiga, minha companheira, gostaria de te-la mais perto.
Bom, hoje entendo seu amor, hoje sinto seu amor. Meu desejo é que eu consiga amar meu filho assim, com tanto comprometimento e que consiga fazer dele uma pessoa de bem.
Obrigada por tudo mãezinha!!
Te amo...

domingo, 15 de janeiro de 2012

Meu parto



Quando se está gravida a gente faz uma imagem do que gostaria que fosse o parto. Ficamos imaginando como vai ser a dor, a duração e o tão sonhado momento de olhar para o bebê. Bom, meu parto não foi nada daquilo que eu esperava. Eu sempre quis ter normal, por ser mais natural pra mãe e pro bebê e também pela recuperação ser mais rápida. Tenho Plano de Saúde, então fiz todo meu pré-natal pelo plano, mas quando eu dizia ao meu médico que queria parto normal ele não me dava o menor apoio, sempre dizia que ele não poderia me garantir que estaria disponível para fazer o parto, mas mesmo assim eu insistia que queria normal. Então, no dia que eu fiz 40 semanas, as 2h da manhã comecei a sentir as primeiras contrações. Fiquei muito feliz, meu bebê estava chegando... Comecei a cronometrar os intervalos, com a ajuda do meu marido, e quando estavam vindo a intervalos de 5 minutos tentei falar com meu médico, mas não consegui encontra-lo. O celular dele não chamava, nem dava ocupado ou desligado, simplesmente ficava mudo, fomos tentando falar a caminho do Hospital e nada. Quando chegamos ao Hospital (é um Hospital aqui perto da minha cidade que é metade público e metade particular) eu falei q tinha plano, a mulher da recepção pegou o cartão e me encaminhou pro pré-parto, mas para a minha surpresa o pré-parto era tudo junto, SUS e Particular... Logo que recebi o primeiro toque minha bolsa estourou, mas eu só tinha 1 de dilatação. Quando cheguei ao Hospital estavam todos dormindo, e assim permaneceram... Eu perguntei a enfermeira q me colocou na cama se eu poderia chama-la quando tivesse vontade de fazer xixi e ela disse que não precisava, que eu podia ir sozinha, mas que era pra segurar embaixo... Fiquei sentindo muita dor durante 5 horas, com o líquido escorrendo, sem que ninguem viesse me ver... De repente percebi que não havia mais quase nenhum intervalo entre as contrações que agora já estava muito mais fortes, e eu sentia uma vontade louca de empurrar o bebê, então comecei a gritar: Meu bebê vai nascer!!! Dai veio uma enfermeira e me falou pra não empurrar, que o médico estava vindo me ver. O médico então chegou e fez o toque, disse que eu só tinha 3 de dilatação e que meu bebê não havia descido ainda... Ele falou que meu parto não estava se desenvolvendo bem, mas que era pra eu "morder o lençol" e aguentar mais um pouco. Então eu respondi que nao queria esperar mais, se não estava desenvolvendo eu queria uma cesárea, então o médico olhou para mim e disse: Você tá pensando que cesárea é assim? Foi ai que eu percebi que ele achou que eu estava lá pelo SUS, dai falei pra ele que eu tinha plano de saúde, na hora ele olhou pra mim e disse: Ah, você tem plano? Entao espera que eu vou chamar o anestesista. Achei aquilo um absurdo, quer dizer que se eu nao tivesse plano ficaria ali sofrendo sem saber se poderia ou nao ter meu filho por parto normal? Dentro de 15 minutos eu estava na sala de cirurgia, minha cesárea aconteceu e meu fllho nasceu com saúde, graças a Deus, pesando 3.510kg, medindo 49,5cm. Assim veio ao mundo meu Davi!
Depois que esse episódio passou eu fiquei me questionando sobre toda a desigualdade que há no nosso país. Meu Deus... Não era pra haver essa diferença entre quem tem plano e quem se trata pelo SUS. Outra coisa que me deixa grilada também é a falta de estrutura pelo menos aqui na minha cidade pra se realizar um parto normal. Nós ouvimos falar tanto que parto normal é melhor, mas os médicos particulares não estão dispostos a fazer parto normal em ninguém. É muito mais comodo pra eles marcar um horário com você, ir até lá, cortar sua barriga e tirar seu bebê pra fora do que ficar te acompanhando durante horas esperando que chegue o momento certo.
Não tenho o que falar da minha cesárea. Não senti NENHUM tipo de dor, minha recuperação foi perfeita, mas se pudesse escolher teria tido um parto natural, com o médico que me acompanhou durante toda a gravidez e em um Hospital mais organizado.

Meu melhor companheiro

Davi tem sido minha única companhia por vários dias. Meu marido trabalhando direto, sem folga, minha família longe e aqui em casa só nós dois.
No inicio isso me aborrecia muito. Me sentia tão sozinha... Mas agora meu bebê já está tão ativo, sorrindo, brincando, fazendo gracinhas... rsrsr
Assistimos juntos A galinha pintadinha, tomamos banho, passeamos...
É uma delícia passar meus dias com essa coisinha fofa!
Amo vc bebê!!!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Mama em público

Meu gatinho está com 4 meses de vida. Foram os 4 meses mais loucos da minha vida! Tantas descobertas, medos, alegrias, enfim... Tudo de bom ter ele comigo!
O fato de poder amamentar meu bebê com LM exclusivo é minha maior vitória, tendo em vista toda dificuldade que tive, bom, já falei sobre isso em posts anteriores. Quando vejo meu peito vazando fico feliz da vida!! rsrssr...
Davi é um "sugador" profissional! Mama com vontade e a toda hora. A livre demanda é com ele mesmo, nunca ficou 3 horas sem mamar quando está acordado. Ele mama as vezes de 30 em 30 minutos, as vezes demora 1h pra querer mamar de novo...
Melhor ainda é quando vou ao pediatra e descubro que meu lindo ganhou bastante peso, ai, muito bom!
Davi mama quando quer, o quanto quer e a hora que quer. Nem ligo, se ele tem fome tiro o peito e dou.
Tem gente que olha torto, como se fosse algo demais dar o alimento ao meu bebê. Nossa sociedade tem os valores muito invertidos mesmo né, no país onde o carnaval é normal, com os desfiles de mulheres nuas, as praias cheias de biquines minúsculos, uma mãe que dá o peito pro filho é vista com maus olhos, fala sério!!
Alguém ai esqueceu que antes de qualquer homem olhar pra um peito e achar isso exitante ele mesmo já mamou leite materno em um desses um dia?! Essa é a função principal do peito, nós é que sensualizamos tudo!
Amo amamentar meu bebê, sentir que a vida dele e a minha estão totalmente ligadas por esse elo é maravilhoso!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Teoria da Extero-gestação


Os bebês humanos estão entre os mais indefesos de todos os mamíferos. Por causa do maior tamanho do cérebro e do fato de que o tecido nervoso necessita de mais calorias para se manter que qualquer outro, grande parte do alimento ingerido é gasto em prover nutrição e calor para as células nervosas. Mais significante é o fato de que nossos bebês necessitam nascer mais cedo do que deveriam, com seus cérebros ainda não totalmente desenvolvidos. Se o bebê humano nascesse já com o sistema nervoso central amadurecido, sua cabeça não passaria pela pelve estreita da mãe no momento do parto. Ao contrário de outros mamíferos, como girafas e cavalos, o recém-nascido humano é incapaz de andar por um longo período após o nascimento, porque lhe falta o aparato neurológico maduro para tanto. O custo primal de ter um cérebro grande é que nossos filhotes nascem extremamente dependentes e em necessidade constante de cuidado. 
O crescimento do nosso cérebro após o nascimento é mais rápido do que o de qualquer outro mamífero e segue neste ritmo por 12 meses. 
A seleção natural demanda que pais humanos cuidem de seus filhos por um longo período e que os filhos dependam dos pais. Esta necessidade mútua traduz-se em um estado emocional chamado “apego”. 
Em algumas culturas, como na tribo !Kung, bebês raramente choram por longos períodos e não há sequer uma palavra que signifique “cólica”. As mães carregam os bebês junto ao corpo, com um aparato semelhante a um “sling”, mesmo quando saem para a colheita. A relação mãe-bebê é considerada sacrossanta, eles permanecem juntos o tempo todo. O bebê tem livre acesso ao seio materno e vê o mundo do mesmo ponto de observação que sua mãe. 
Nossa cultura ocidental não permite um estilo de vida idêntico ao de tribos primitivas, mas podemos tirar lições valiosas sobre como ajudar nossos bebês na adaptação à vida extra-uterina. 
Nos primeiros 3 meses de vida, o bebê humano é tão imaturo que seria benéfico a ele voltar ao útero sempre que a vida aqui fora estivesse difícil.
É preciso compreender o que o bebê tinha à sua disposição antes do nascimento, para saber como reproduzir as condições intrauterinas. O bebê no útero fica apertadinho, na posição fetal, envolvido por uma parede uterina morninha, sendo balançado para frente e para trás a maior parte do tempo. Ele também estava ouvindo constantemente um barulho "shhhh shhhh", mais alto que o de um aspirador de pó (o coração e os intestinos da mãe). 
A reprodução das condições do ambiente uterino leva a uma resposta neurológica profunda "o reflexo calmante". Quando aplicados corretamente, os sons e sensações do útero têm um efeito tão poderoso que podem relaxar um bebê no meio de uma crise de choro. 
Os 5 métodos para acalmar um bebê até 3 meses de idade são extremamente eficazes SOMENTE quando executados corretamente. Sem a técnica correta e o vigor necessário, não adiantam em nada.
1. Pacotinho ou casulo (embrulhar o bebê apertadinho)
A pele é o maior órgão do corpo humano e o toque é o mais calmante dos cinco sentidos. Embrulhadinho, o bebê recebe um carinho suave. Bebês alimentados, mas nunca tocados, freqüentemente adoecem e morrem. Estar embrulhadinho não é tão bom quanto estar no colo da mãe, mas é um ótimo substituto para quando a mãe não está por perto. 
Bebês podem ser embrulhados assim que nascem. Apertadinhos, de forma que não mexam os braços. Eles se sentem confortáveis, "de volta ao útero". Bebês mais agitados precisam mais de ser embrulhados, outros são tão calmos que não precisam. 
Se o bebê tem dificuldade para pegar no sono, pode ser embrulhado apertadinho, não é seguro colocar um bebê para dormir com um cueiro solto. Não permita que o cueiro encoste no rosto do bebê. Se estiver encostando, o bebê vai virar o rosto procurando o peito, ao invés de relaxar. 
Todos os bebês precisam de tempo para espreguiçar, tomar banho, ganhar uma massagem. 12-20 horas por dia embrulhadinho não é muito para um bebê que passava 24 horas por dia apertadinho no útero. Depois de 1 ou 2 meses, você pode reduzir o tempo, principalmente com bebês tranqüilos e calmos. 
2. Posição de Lado
Quanto mais nervoso seu bebê estiver, pior ele fica quando colocado sobre as costas. Antes de nascer, seu bebê nunca ficou deitado de costas. Ele passava a maior parte do tempo na posição fetal: cabeça para baixo, coluna encolhida, joelhos contra a barriga. Até adultos, quando em perigo, inconscientemente escolhem esta posição. 
Segurar o bebê de lado ou com a barriga tocando os braços do adulto ajuda a acalmá-lo (a cabeça fica na mão do adulto, o bumbum encostado na dobra do cotovelo do adulto, com braços e pernas livres, pendurados). Carregar o bebê num sling, com a coluna curvada, encolhidinho e virado de lado, tem o mesmo efeito. Atualmente especialistas são unânimes em dizer que bebês NÃO DEVEM SER POSTOS PARA DORMIR DE BRUÇOS, pelo risco de morte súbita.
O bebê não sente falta de ficar de cabeça para baixo, como no útero, porque na verdade o útero é cheio de fluido e o bebê flutua, como se não tivesse peso algum. Do lado de fora, sem poder flutuar, virado de cabeça para baixo, a pressão do sangue na cabeça é desconfortável. 
3. Shhhh Shhhh - O som favorito do bebê
O som "shhh shhh" é parte de quem somos, tanto que até adultos acham o som das ondas do mar relaxante. Para bebês novinhos, "shhh" é o som do silêncio. Ele estava acostumado a ouvir tal som 24 horas por dia, tão alto quanto um aspirador de pó. Imagine o choque de um bebê acostumado a tal som o tempo todo chegando a um mundo onde as pessoas cochicham e caminham na ponta dos pés, tentando fazer silêncio! 
Coloque sua boca 10-20 cm de distância dos ouvidos do bebê e faça "shhh", "shhh". Aumente o volume do "shh" até ficar tão alto quanto o choro do bebê. Pode parecer rude tentar "calar" um bebê choroso fazendo "shh", mas para o bebê, é o som do que lhe é familiar.
Na primeira vez fazendo "shhh", seu bebê deve calar após uns 2 minutos. Com a prática, você será capaz de acalmar o bebê em poucos segundos. É ótimo ensinar isso aos irmãos mais velhos, que adorarão poder ajudar e acalmar o bebê. 
Para substituir o "shhh", pode-se ligar:
- secador de cabelos ou aspirador de pó
- som de ventilador ou exaustor
- som de água corrente
- um CD com som de ondas do mar
- um brinquedo que tenha sons de batimentos cardíacos
- rádio fora de estação ou babá eletrônica fora de sintonia
- secadora de roupas ligada com uma bola de tênis dentro
- máquina de lavar louças
O barulho do carro ligado também acalma a criança. 
4. Balanço
"A vida era tão rica no útero. Rica em sons e barulhos. Mas a maior parte era movimento. Movimento contínuo. Quando a mãe senta, levanta, caminha e vira o corpo - movimento, movimento, movimento." (Frederick Leboyer, Loving Hands) 
Quando pensamos nos 5 sentidos - visão, audição, tato, paladar e olfato - geralmente esquecemos o sexto sentido. Não é intuição, mas a sensação de movimento no espaço.
Movimento rítmico ou balanço é uma forma poderosa de acalmar bebês (e adultos). Isso porque o balanço imita o movimento que o bebê sentia no útero materno e ativa as sensações de "movimento" dentro dos ouvidos, que por sua vez ativam o reflexo de acalmar. 
Como balançar ?
1. Carregando o bebê num "sling" ou canguru;
2. Dançando (movimentos de cima para baixo);
3. Colocando o bebê num balanço;
4. Dando tapinhas rítmicos no bumbum ou nas costas;
5. Colocando o bebê na rede;
6. Balançando numa cadeira de balanço;
7. Passeando de carro;
8. Colocando o bebê em cadeirinhas vibratórias (próprias para isso);
9. Sentando com o bebê numa bola inflável de ginástica e balançando de cima para baixo com ele no colo;
10. Caminhando bem rapidamente com o bebê no colo.
Quando balançar o bebê, seus movimentos devem rápidos mas curtos. A cabeça do bebê não fica sacudindo freneticamente. A cabeça move no máximo 2-5 cm de um lado para o outro. A cabeça está sempre alinhada com o corpo e não há perigo de o corpo mover-se numa direção e cabeça abruptamente ir na direção oposta. 
5. Sucção
No útero, o bebê está apertadinho, com as mãos sempre próximas ao rosto, sugando os dedos com freqüência. Quando nasce, não mais consegue levar as mãos à boca. A sucção não-nutritiva é outra forma de acalmar o bebê. A amamentação em livre demanda não é recomendada somente para garantir a nutrição do bebê e a produção de leite da mãe, mas também para suprir a necessidade de sucção não-nutritiva. Alguns especialistas orientam às mães a darem chupetas para isso, mas ainda que a chupeta seja oferecida ao bebê, não deve ser introduzida nas 6 primeiras semanas de vida, quando a amamentação ainda está sendo estabelecida. Há sempre o risco de haver confusão de bicos e o bebê sugar o seio incorretamente. 
É importante lembrar que o bebê nunca chora à toa. O choro nos primeiros meses de vida é a única forma de comunicar que algo está errado. Ainda que ele esteja limpo e bem alimentado, muitas vezes chora por necessidade de aconchego e calor humano. Por isso, falar que bebê novinho (recém nascido até 3 meses ou mais) faz manha (no sentido de chorar para manipular "negativamente" os pais) não tem sentido, bebês novinhos simplesmente não tem maturidade neurológica para tanto. 
Bibliografia:
The Happiest Baby on the Block, Dr. Harvey Karp, Bantam Dell, 2002. New York.
Our Babies, Ourselves: How Biology and Culture Shape the Way We Parent, Meredith F. Small, Anchor Books, 1998. New York. 
Texto organizado por Flavia O. Mandic

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Baby Blues: Tabu

Assim que descobri que eu estava gravida eu comecei uma busca incansável pelo mundo da gestação e de como ter um bebê em casa. Lia tudo! Blogs, livros, sites, revistas, enfim, tudo que falasse sobre o assunto. Fiquei bem informada sobre vários aspectos da gravides e da vida do bebê. Também conversei muito com outras gravidas e mamães. Porém um assunto que eu não ouvi falar durante a minha gravidez inteira foi o Baby Blues. Eu estava tão despreparada pra esse sentimento, se é que posso chamar assim, que me desestabilizou completamente.
Sempre pensei que os primeiros dias do bebê seriam difíceis, os choros, as noites mal dormidas, as cólicas e tal, pra isso eu estava preparada, mas também sempre achei que seriam os dias mais felizes da minha vida, afinal eu estava ali, ao lado do meu bebê tão esperado. Achava que eu ia ama-lo a primeira vista, que a alegria da sua chegada me inundaria por completo. Isso não aconteceu.
No quarto dia de nascido do Davi comecei a sentir uma tristeza inexplicável! Era um vazio tão grande, um misto de arrependimento, culpa, impotência, medo! Eu olhava pra ele e só conseguia pensar em tudo que eu havia perdido. Sei que parece horrível de se dizer, mas é verdade. Eu pensava que estava ficando maluca! Depois de alguns dias tomei coragem e confessei esse sentimento a algumas amigas que havia tido bebês recentemente, e para minha surpresa elas também haviam sentido a mesma coisa. Eu entrei em paranoia, porque ninguém fala sobre isso meu Deus? Seria tão bom se eu já estivesse preparada pra isso, se já imaginasse que isso iria acontecer!
Falei então com meu médico e ele disse que era normal, que iria passar dentro de no máximo 15 dias e que se não passasse ai sim poderia ser mais grave, tipo uma depressão pós parto.
Comecei a pesquisar sobre o assunto e descobri que 80% das mulheres sofre o Baby Blues, que é a forma mais branda de depressão pós parto, ela é causada por vários fatores, mas o principal deles são os hormônios, que após o parto estão desordenados, se estabilizando. O mais interessante é que não há prevenção e o melhor tratamento é o contato da mãe com o filho. Foi ai que comecei a estabelecer esse contato. O conhecimento do bebê, a amamentação, o toque, o carinho, o olhar, tudo isso foi tomando um espaço tão grande dentro de mim que de repente já não havia mais tristeza, só a alegria de tê-lo comigo!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Profissão: Mãe

Como sempre a Mariana, do blog Mãe de Dois, me surpreendeu com mais um texto maravilhoso, que me fez pensar muito e refletir sobre meus anseios e as verdadeiras prioridades na vida. Quero com partilha-lo com vcs!
Boa leitura!


Profissão: Mãe.

Na semana passada uma questão foi bastante recorrente. Com quase todas as mães que falei (amigas, confidentes e também alguns desafetos) a conversa era basicamente sobre ficar em casa pra cuidar dos filhos pequenos ou não. Isso ficou ecoando na minha cabeça regada a oscilações de humor devido a TPM e essa crise menstrual toda me ajudou a chegar a algumas conclusões que fecharam meu ano de 2011 com chave de ouro.

Eu não acredito que seja uma decisão fácil pra maioria. Afinal de contas, nossa geração cresceu pensando primeiro nas realizações individuais e profissionais e depois se queria ou não ter filhos. Mas uma questão bem mais profunda se perdeu no meio do caminho rumo à liberdade feminina: queremos ser mães ou somente ter filhos? Sim, porque existe uma diferença nisso e na prática ela é enorme. Quer dizer: as pessoas hoje TÊM filhos, carros, casas, cachorros e SÃO médicas, jornalistas, engenheiras, advogadas. Já parou pra pensar? Eu fiz o contrário: tenho diploma de enfermeira, mas sou mãe.

Nós podemos ter filhos por vários motivos. Dentre as justificativas, ouço que faz parte dos acontecimentos naturais da vida, como se houvesse uma cartilha: estudo, trabalho, casamento, filhos...a vontade de ter um filho também pode vir do desejo de outra pessoa: dos pais que querem ser avós, do marido, “dazamiga” que estão todas virando mães. Mas a maioria fala pra mim que tem medo da solidão. Principalmente na velhice, de não ter alguém que cuide. Motivos plausíveis pra se ter um filho? Pra mim, não. Mas são motivos. Enquanto as mulheres não assumirem seus motivos e suas frustrações com a maternidade, continuaremos jogando tudo pra debaixo do tapete. Agora, quando a mulher quer ser mãe, o motivo sempre é um só: querer cuidar. E como a jornalista Maristela Tesseroli sabiamente diz, pra ser mãe você tem que querer cuidar ou então não se tornará mãe nunca.


Com a mulher no mercado de trabalho, fomos levadas a acreditar que é perfeitamente possível ter um filho e continuar tendo a mesma vida que se levava antes dele. Basta contratar uma babá ou por numa creche/escolinha. Quando moramos em cidades muito urbanas, parece que essa idéia é mais recorrente. Talvez porque não temos um contato tão diário e íntimo com bebês. Mas aí depois que nosso filho nasce e nos deparamos com a realidade de se ter um bebê nosso nos braços, muita coisa muda. Principalmente para uma mulher que teve acesso a informações sobre o desenvolvimento do bebê. Essas informações confirmam cientificamente o que o instinto maternal nos faz sentir: uma vontade louca de ficar com o bebê pertinho da gente, no colo. Mas aí vem a sociedade falando que isso não é legal. Que estamos infantilizando aquele que é infantil por natureza (oi?). E vem um sentimento imenso de solidão. Como se somente nós estivéssemos sentindo vontade de fazer outras coisas ao mesmo tempo em que não queríamos deixar o bebê aos cuidados de terceiros. Também pudera: onde está nossa mãe, avó, irmã, nossas amigas? Trabalhando, morando longe... então a mulher do século XXI se vê em casa, sozinha com aquele bebê. Nenhuma mãe deveria ficar sozinha. Antigamente poucas trabalhavam e as mães se faziam companhia, se ajudavam. Hoje, essa mulher não está mais acostumada com a rotina doméstica, com a dependencia financeira (nem que seja momentânea) e ainda por cima se encontra completamente sozinha e sobrecarregada. Daí começa o mito da “do lar”.

Pra mim, decidir ficar em casa pra cuidar dos meus filhos foi muito fácil. Desde os 15 anos eu já sabia que queria ser mãe, ou seja, queria cuidar pessoalmente dos meus filhos (e em tempo integral nos primeiros 3 anos pelo menos). Antes disso, trabalhei fora, ganhei meu dinheiro, montei minha casa. Mas já tinha certo na minha cabeça que quando eles nascessem, o marido ia prover tudo e eu ia mergulhar na maternidade de cabeça e bem fundo. Nunca quis fazer carreira. Me formei enfermeira porque o meu barato é cuidar e já que a minha família e a sociedade inteira exigiram que eu escolhesse uma profissão e fizesse uma faculdade, violà: enfermagem. Amava cuidar de idosos e crianças. Mas sonhava em poder cuidar dos meus próprios filhos. Então, com a casa equipada e o relógio biológico gritando há 10 anos, pedi meu bebê pro marido.

Marido, aliás, escolhido a dedo. Sempre fui muito prática, realista e objetiva. Se o cara não quisesse casar e ter filhos já era carta fora do baralho. Mas precisava mais: precisava querer muito ser pai, embarcar nessa comigo e querer uma esposa que preferisse ficar em casa cuidando dos filhos. Por isso, quando eu disse ao Helder que a hora de ter nosso primeiro bebê havia chegado, ele sabia exatamente do que eu estava falando. A nossa cumplicidade como casal e pais dos nossos filhos começou nesse dia, no dia em que ele passou a mão na minha barriga ainda intacta pela maternidade e deu o sinal verde pra eu engravidar.


Mas nem todo mundo tem essa convicção em ser mãe (no sentido do cuidado não ser terceirizado), ficar a disposição de um bebê, cuidar dele 24h por dia. Na verdade há quem ache isso...feio. Já ouvi muita coisa: que mulher que vira “do lar” se encosta no marido e se humilha pedindo dinheiro pra comprar calcinha, que fica em casa sem fazer nada cuidando da vida dos outros e engordando, que se anula em prol dos filhos e depois os filhos vão embora e a vida dela perde o sentido, que fica alienada aos acontecimentos no mundo, que inveja a vida das mães “modernas” que são antenadas, ganham seu dinheiro, tem status...homens e mulheres propagando uma série de idéias equivocadas sobre a mulher que decide ser mãe e não somente ter filhos. Idéias machistas, diga-se de passagem. Um desserviço à mulher e às crianças. Uma rotulação baseada num contexto ultrapassado de mulheres que não tinham escolhas, que muitas vezes empurravam com a barriga um casamento falido com um homem machista que não as respeitava por não poderem se sustentar sozinhas. 
Quem se refere a mães 24h em tom de deboche como as “do lar” não deve nem imaginar que é bem possível o acordo entre o casal de que ela tem total liberdade pra decidir onde, quando e como o dinheiro será gasto. Que é possível ser adimirada pelo companheiro simplesmente por ter parido, amamentado, cozinhado pros filhos. Que depender financeiramente de um homem que nos respeita não tem nada de humilhante se dentro do casamento se reconhece que cada um tem seu papel e que ambos são fundamentais pra que tudo aconteça como deve acontecer. Aliás, conheço mulheres que trabalham fora e são super dependentes emocionalmente. Outra questão é que temos liberdade pra fazermos o que bem entendemos. Se eu quiser sair com meus filhos e largar a louça suja na pia, eu posso. Se ao invés de faxinar a casa toda pro marido encontrar tudo um brinco, eu resolver ler um livro (ou um artigo científico), eu posso. Também estou sempre antenada com o que acontece no mundo justamente porque por causa dessa coisinha fofa chamada internet. Portanto, vamos esquecer a “do lar” dos anos 50 e enxergar a “do lar” do século XXI, que pode estar em casa. Mas não quer dizer que virou uma ameba anencéfala e frustrada.


Mas eu vou além, eu não acho que seja preto no branco: ou fica de férias por tempo indeterminado ou sai pra trabalhar fora por 8h diárias. Não. Já falei algumas vezes que dá pra conciliar a maternidade com alguma outra atividade. As mães empreendedoras estão aí pra provar isso. Está crescendo o número de mulheres que criam produtos maravilhosos (a maioria voltada pra puericultura devido a fase em que estão vivendo) e que trabalham em sua própria casa ao mesmo tempo em que cuidam dos filhos. Atendem clientes, fornecedores, criam o produto, embalam, entregam. E arrumam a casa, e levam pra escola e fazem a comida, trocam, dão banho, etc... muitas têm sim uma ajudante, seja nos negócios, seja pra fazer a parte pesada da vida doméstica. Mas os filhos sempre são prioridade. E é assim que deve ser. Fácil não deve ser...meeesmo! E além de conseguir dar conta de tudo isso, muitas reclamam que seu trabalho não é levado a sério simplesmente porque trabalham em casa. Já imaginaram a disciplina e dedicação que essas mulheres tem que ter? 

Também conheço mães que trabalham fora e que têm a felicidade de poder levar seus filhos para o local de trabalho todo dia, com o auxílio de uma babá que está lá mais pra ajudar do que pra cuidar propriamente. É o caso da dona da “Gateau”, uma loja de moda infantil de Pinheiros que é Amiga da Amamentação e oferece inclusive encontros semanais que reunem mães e bebês. A atriz Cássia kiss (que amamentou o caçula até os 4 anos) também levava o filho para o estudio de novela com uma babá pra olhar o menino enquanto ela gravava e explicou que muitas vezes o ator passa horas no camarim esperando a sua vez de gravar. Por isso tinha tempo de sobra pra cuidar do menino que cresceu nos corredores da emissora e nos bastidores de peças de teatro. Tudo vai depender das condições financeiras, das necessidades pessoais e profissionais dessas mulheres e principalmente, das necessidades de cada filho. Tem filho que fica bem sentadinho brincando, tem filho que fica grudado no peito o dia todo. Há de se ser sincera consigo mesma sobre todas essas questões antes de decidir se realmente dá pra conciliar trabalho com filho ou se está camuflando uma fuga da maternidade.


Mas nessa vida tem de tudo: as mulheres que sempre quiseram ser mães, as que não planejaram e a gravidez foi uma surpresa, as que queriam ter filhos por vários motivos mas não se deram conta de que não queriam ser mães, etc... não quero julgar. Como diz Caetano, cada um sabe a dor e a delícia de ser quem é. Mas mesmo sendo dolorido, nós precisamos tocar nesse assunto. Mesmo sendo delicado, precisamos assumir nossos sentimentos. O que mais vejo é mãe fazendo o jogo do contente e jogando a culpa pra debaixo do tapete. Isso acontece porque a nossa sociedade não permite que sentimentos negativos em relação a filhos sejam mencionados. 


Mas a verdade é que até mulheres como eu que sempre sonharam em cuidar de cada detalhe, ficam cansadas, ansiosas, com raiva, estressadas e precisam desabafar. Imagine quem não quer ser essa mãe que se dedica 24h por dia, 7 dias por semana. Com certeza, além de tudo isso, surge a frustração. Sim, porque achavam que ter filho era uma coisa e depois percebem que é outra bem diferente dos comerciais, novelas e filmes hollywoodianos. Quantas mulheres passaram a gravidez decorando o quartinho e sonhando com seu bebê Johnson dormindo quietinho no berço por horas a fio? E aí, ao invés dessa mulher poder se abrir, desabafar e ser ajudada por outras mulheres, pelo marido, ser acolhida pela sociedade, a tendencia é sair correndo pra trabalhar, estudar, malhar, dançar, viajar... dessa forma, a mulher deixa o filho com outra pessoa e consegue se afastar o suficiente pra que quando volte só tenha bons sentimentos em relação a essa criança.


Pra mim esse é o grande equívoco da modernidade: acreditar que a mulher que se afasta do filho, terceirizando os cuidados da criança e se ocupando de outras atividades, é mais feliz e se relaciona melhor com o filho do que a mãe que abre mão (pelo menos nos primeiros anos) de outras atividades e luxos pra ser mãe. Porque o problema não está em ser mãe 24h, o problema está na expectativa que cada mulher põe na idéia de se ter filhos.

Uma vez que essa mulher tem o desejo de ser mãe, deveria ser apoiada e ajudada. Mas infelizmente somos o tempo todo desencorajadas a assumir por completo os cuidados com os filhos. Os comentários que ouvimos vão desde pequenas indiretas suaves jogadas ao vento até os comentários mais violentos e agressivos que se possa imaginar.  Nessa última semana, aconteceu de tudo. Amigas confidenciando que nunca quiseram ser mães e hoje se sentem culpadas por não conseguirem se dedicar aos filhos, outras confidenciado que adorariam ser mães e acompanhar de perto o desenvolvimento do filho mas tem medo de contar pros outros, mães que ficam com o coração partido em ver o filho chorando ao ir pra escolinha e não ter o apoio do marido pra ficar em casa com o filho...mas também teve gente vomitando grosseirias em cima de mim devido a mágoas acumuladas por meses (se não anos). Engraçado que a discussão começou por um problema pontual e quando vi a criatura estava tentando me ofender com várias outras acusações, todas relacionadas ao meu jeito de maternar e viver.

Cada vez que uma coisa dessas acontece, fico despedaçada. Me entristece ver como nós mulheres continuamos divididas entre a dependência real e visceral que um filho tem da gente e o que nós mesmas esperamos de nós e da nossa vida. Estamos o tempo todo tentando conciliar esses dois mundos, tentando se dedicar aos dois de forma igual, aqui, agora tudo ao mesmo tempo. Na verdade, isso acontece porque não são só os nossos filhos os carentes da história. Nós também somos. Seriamos nós carentes de afeto e reconhecimento que faltou na nossa infância? Afinal de contas, fica difícil dar aquilo que não se teve o suficiente. Daí que fica claro que ter um filho não basta. Nem pra gente e nem pra ele. É preciso cuidar desse ser com todo amor, dedicação e respeito que ele merece. Mas é preciso resgatar a mulher (e a criança) que se deixou de lado no começo pra mergulhar nesse mar de amor maternal infinito e incondicional.

Há de se resgatar aos poucos, sem pressa, conforme o bebê vira criança e a criança vai crescendo rumo à independência naturalmente. O problema é o alter ego gritando que deve-se ser uma mulher moderna, linda e independente hoje e agora. Parece que só sendo assim pra nos sentirmos alguém. Provavelmente porque saber que somos boas mães não é suficiente pra suprir nossa carência de afeto. Há que se seja reconhecida, aplaudida, adimirada e apoiada. Tudo que talvez tenha faltado na infância. Uma luta interna diária e solitária. E enquanto tantas mulheres se sentem culpadas por terem delegado o cuidado, outras tantas se sentem culpadas por se sentirem negligentes consigo mesmas. Porque o mundo não perdoa, minha amiga. Cuidar de outro ser e pausar a carreira profissional pelo menos nos três primeiros anos de vida da criança (período de maior dependência física e emocional) é visto como desculpa pra “embarangar” e encostar no marido. O mais triste disso tudo é que automaticamente se formam dois grandes grupos que entra ano, sai ano, se atacam. Portanto, a guerra começa dentro de cada uma de nós e continua no mundo externo em busca de auto-afirmação.

Não nos apoiamos e muitas vezes nem permitimos o apoio quando é oferecido. Faz parte do show fazer de conta que estamos o tempo todo alegres com nossas escolhas. Não me entendam mal. Sou muito feliz sendo mãe 24h. Mas ser feliz não é estar sorrindo o tempo todo...eu fico cansada, sobrecarregada, solitária, carente, ansiosa, angustiada e com raiva na mesma medida em que também fico alegre, realizada, tranquila, orgulhosa e em paz. O problema é que o médico, o advogado, o executivo, o empresário podem reclamar do trânsito, do chefe chato, dos inúmeros livros que devem ler, do fato de terem que trabalhar de final de semana e feriados...mas as “do lar” não podem reclamar de nada. Nunca. Muito menos do filho que ta chatinho, manhoso, dando piti. Afinal de contas, quem mandou escolher ficar em casa cuidando de filho, não é mesmo? Daí se perpetua o mito da “do lar” loser.  Como estar em casa com os filhos fosse sinal de incompetência e não de uma escolha baseada em motivos muito mais profundos e complexos.

Ser mãe é uma escolha, sobretudo de vida. Uma mulher que escolhe assumir os cuidados do filho, escolhe o desprendimento do que menos importa e a dedicação a um outro ser. Talvez, olhando mais profundamente, essa mulher só conseguiria ser realmente feliz dessa forma. Porque é quase que um chamado. É não se enxergar de outra forma. Não por falta de oportunidades, mas por ser essa a nossa verdade. É não conseguir ser diferente. Pra mim, ter um filho implica querer ser mãe. De outra forma, não valeria a pena porque eu sempre estaria buscando um algo mais.

Sendo amiga de mães de crianças epeciais, veio de novo essa lição: uma mulher que tem uma profissão almejada por muitos, com status e tudo que hoje a sociedade enaltece, larga tudo pra cuidar do seu filho com necessidades especiais. Claro que ela poderia ter uma babá, enfermeira, claro que ela poderia continuar trabalhando. Mas sem dúvida, a vontade de querer cuidar pessoalmente daquela criança que é tão preciosa pra ela foi maior. Mulheres que não sabiam que teriam um filho com alguma síndrome genética, autismo ou problemas de visão, audição, fala, etc. Mulheres que nunca escutaram “mamãe” e mesmo assim têm um elo fortíssimo com seus filhos. Mulheres que se quisessem somente ter um filho e não serem mães, talvez não dariam conta do recado, que perante a sociedade teriam ainda mais motivos pra se enfiar no trabalho, porque se ficar em casa cuidando de filho fosse sinônimo de fracasso e negligência pessoal, do que poderíamos chamar essas mães que se veem com uma criança especial que necessita de total disposição? Deveríamos ter pena delas? Pois eu tenho é orgulho e me considero sortuda por poder aprender com mulheres como essas. Por isso sempre pensei sério nessa possibilidade. Sempre me preparei pra, inclusive, ter um filho especial. Porque na verdade todos são, acredito. E, portanto, todos merecem tratamento VIP. Caso contrário, acredito piamente que teria sido melhor me realizar na qualidade de tia, professora, madrinha que leva presente, brinca, pega no colo e depois vai embora, não só por mim, mas pelo bem da criança.  Mas não. Eu queria tudo. Sou chamada de louca, xiita e outros palavriados impublicáveis, segundo a educação que recebi. Mas hoje me sinto muito mais lúcida sobre os meus sentimentos do que antes de ter filhos.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Um grande homem

Gente, meu marido ficou com ciúmes porque só tem foto minha e do Davi no Blog, então ai vão algumas fotos dele e nossas.
Eu com certeza não seria a mãe que sou se não tivesse o Negão do meu lado. Ele é um SUPERPAI! Me ajudou muito desde o início. Fazia questão de acordar de madrugada pra ninar o Davi, ficava desesperado quando Davi chorava sem parar com fome, está sempre ao meu lado me auxiliando e aprendendo junto comigo a como cuidar do nosso reizinho!
Não tenho palavras pra agradecer a Deus por ter me dado um marido tão maravilhoso e um pai herói como você meu amor!!






Te amo demais!!!

sábado, 7 de janeiro de 2012

As várias fases do Davi (de 0 a 4 meses)

O Davi tem só 4 meses mas parece que tem uma eternidade que ele está conosco e faz parte das nossas vidas. Desde o início ele foi um bebê tranquilo, mas como todo bebê passou por diversas fases, algumas maravilhosas e outras tão difíceis que quase enlouqueceram mamãe e papai. Vou tentar descrever algumas delas.

A primeira semana, do hospital para casa:


Davi nasceu numa segunda-feira, dia 5 de setembro as 8h, pesando 3,510kg e medindo 49,5cm. Ele foi levado pro quarto por volta de 16h e queria apenas uma coisa: mamar. E não poder suprir essa necessidade essencial pro meu filho me deixou louca! Eu não tinha leite, ou achava que não tinha. O que na verdade ninguém me explicou é que quanto mais o bebê suga mais seu peito produz leite, então como eu apertava o peito e não conseguia tirar nenhuma gota eu ficava desesperada e não deixava ele sugar achando que de nada adiantava... Ele ficou super nervoso, com fome, chorava! Ai meu Deus... Eu pedia as enfermeiras pra levarem ele até o berçário e dar o leite artificial e com muito custo elas atendiam, e ai ele ficava mais tranquilo.
Chegamos em casa na quarta-feira dia 7 de setembro e ao sair do hospital a pediatra de plantão disse pra complementar com 30 ml de Nan se não tivéssemos leite e assim eu fiz, mas meu leite não vinha, ai que desespero. Davi chorava de fome dia e noite e eu não queria aumentar a quantidade de Nan pra ele não largar meu peito de vez. Ele dormia bastante, acordava já chorando querendo mamar, não dormi NADA essa semana! Na sexta-feira fomos fazer o teste do pezinho na Posto de Saúde e lá assistimos a uma palestra dada por uma enfermeira sobre os cuidados com o bebê nos primeiros dias e foi ótimo! Lá fui orientada a parar de vez com o Nan e dar só o peito e assim o fiz!

Da segunda semana ao 1º mês:

  Quando parei de dar o Nan passei o maior perrengue, Davi só mamava no peito mas o leite que eu tinha não era suficiente pra sustenta-lo, então ele continuava chorando. Ai vieram as cólicas, meu Deus... Sono??? O que é isso?
Quando ele estava com 14 dias o levei ao pediatra e para minha decepção ele havia perdido 500g, fiquei arrasada e desobedecendo ao pediatra voltei a dar 30 ml de Nan. Ah, um detalhe, antes de ir ao pediatra o Davi ficou 3 dias sem defecar e 2 sem urinar, eu quase fiquei louca. Depois que comecei a dar o Nan tudo melhorou, o Davi começou a dormir a noite, fazer cocô e xixi direitinho e eu dava 20 minutos de cada peito e depois 30 ml de Nan. Comecei a dormir um pouco a noite, mas logo os 30 ml se transformaram em 60 ml e meu leite nada de descer! O Davi estava bem mais calmo, dormindo bem a noite. Acordava duas vezes de madrugada pra mamar. Ao final da terceira semana percebi que meu leite só diminuia e Davi já não tinha mais interesse no peito, então busquei ajuda. O que mais me ajudou foi o GVA,  as meninas me deram força e várias dicas pra eu tirar a mamadeira e conseguir ter leite.
Comecei a relactação e entendi que aquele era o tempo do Davi, então deixava ele pendurado no peito! Resultado: muitas rachaduras nos mamilos e muitaaa dor!

Com 1 mês de vida:


Com 1 mês Davi já estava com 4,450kg e media 52cm. Meus mamilos estavam detonados, as pessoas me falavam pra desistir de amamentar no peito. Comecei a tomar Levedo de Cerveja, que junto com a relactação fizeram meu leite descer bastante, mas não conseguia mais amamentar por conta das feridas. Fui ao BLH de Campos-RJ e lá fui orientada sobre a pega do bebê. Davi começou a pegar certinho o peito, usei também uma pomada pra cicatrização chamada Mater Care que ajudou muito, as rachaduras sararam e finalmente com 1 mês e 10 dias Davi começou a mamar LM exclusivo. As cólicas aumentaram, ele gritava de dor, eu dava Simeticona e Paracetamol, receitados pelo pediatra, mas parecia não fazer efeito, então comecei a dar Funchicórea e ajudou muito, é um posinho natural que eu molhava a chupeta dele. Ele acordava ainda duas vezes na noite pra mamar e demorava a pegar no sono de novo.

Com 2 meses de vida: 


Essa fase foi maravilhosa, ele começou a sorrir, fazer gracinhas, ficou bem mais ativo. Mamava mais rápido e se distraia com objetos. Com 2 meses pesava 5,450kg e media 59cm. O cabelo caiu bastante, principalmente na parte da frente, ficou carequinha! Já não tinha mais aquelas pelinhas soltando, nem a aparência inchada. As cólicas continuavam, só que um pouco mais fracas, a funchicórea continuava ajudando bastante.
Do segundo ao terceiro mês Davi parou de acordar de madrugada pra mamar, ele mamava as 22h, dormia e só acordava as 6h do dia seguinte. Foi um descanso e tanto, presente de Deus mesmo, pois nós estávamos exaustos. Não era mais necessário a relactação, pois eu já tinha leite suficiente.

Com 3 meses de vida:


 Com 3 meses Davi já pesava 6,260kg e media 36,5cm. Haja coluna! Esse mês também foi delicioso! As cólicas eram raras, os sorrisos constantes. Ele adorava que cantasse pra ele, prestava atenção em tudo, parava de mamar pra ouvir a conversa da gente. rsrsrs
Ele já reconhecia a minha voz e a do papai. Quando Negão chegava em casa ele ficava todo feliz, sabia que ia ganhar colo, brincar, voar, virar de cabeça pra baixo! Ele é apaixonado pelo pai!
Assim que completou 3 meses Davi voltou a acordar de madrugada pra mamar. Mas passou a dormir mais cedo. Ele dormia 20:30h, acordava as 3h, mamava e dormia logo depois e acordava novamente por volta de 7h. Ele acordava de muito bom humor, sorrindo e querendo brincar!
O calor aqui na minha cidade é demais e o Davi odeia calor, ele fica muito enjoadinho, sua o tempo todo, quer ficar pendurado no peito porque sente muita sede. Tivemos que comprar um ar condicionado pra ele dormir mais tranquilo a noite. Davi sentia muita fome e pra que ele acordasse só uma vez na noite pra mamar a pediatra liberou que ele tomasse uma mamadeira de Nestogeno antes de dormir. Eu dava 90ml de Nestogeno e o peito, dai ele dormia tranquilo. Foi nessa fase também que Davi começou a segurar objetos, ainda não tinha muita coordenação motora, mas já conseguia pegar.
Ele achou a mão e só vivia com ela na boca. Aliás, tudo que ele pegava era pra colocar na boca, e quando não conseguia fazer isso ele ficava bravo! rsrs
Ele adorava tomar banho, mas detestava sair da banheira e colocar roupa. Queria viver pelado, parece índio! rsrsrs
O cabelinho já cresceu, mas voltou a cair... Ele vivia cheio de cabelo grudado no rosto tadinho. Quando colocado de bruços ficava com a cabeça levantada, já virava sozinho. Quando estava com quase 4 meses começou a sentir as gengivas... Coçava o tempo todo, babava e chorava. Ficou bem enjoadinho com isso durante uma semana. Nesse período Davi começou a golfar demais e a pediatra passou uma Cintilografia pra pesquisa de refluxo e deu positivo, mas o refluxo é bem pequeno.

Com 4 meses e 1 semana:


Davi está pesando 7,180kg e medindo 64,5. Tá uma bolinha, muito fofo! Está tomando medicamento pra combater o refluxo.
Agora ele é muito exigente com os horários. O banho da manhã é as 10h, o da tarde é as 17h, se passar do horário ele fica bravo!rsrsr
Continua mamando bastante e tá muito serelepe!
Graças a Deus ele começou a tirar sonecas de dia, porque antes não dormia nada de dia, só a noite.
Bom, por enquanto é só... As próximas fases ainda irei viver bem juntinho do meu lindo! Uma delícia compartilhar seu crescimento e desenvolvimento!!!




sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Minha gravidez

A gravidez foi uma das melhores fases da minha vida. Planejamos com muito carinho a vinda do Davi, já tínhamos 3 anos de casados e achamos que estava na hora. Parei de tomar remédio em novembro de 2010 e em dezembro engravidei. Descobrimos a gravidez no dia 29 de dezembro, foi lindo...
Tive uma gravidez super tranquila, sem enjoos, sem vômito, nada de ruim! A única coisa que me incomodou um pouco foram os estresses do trabalho, que foram muitooos! Mas no fim deu tudo certo. Trabalhei até a 38ª semana de gestação, o Davi nasceu com 40 semanas cravadas, exatamente na data prevista pra parto.
Era tão bom sentir ele mexendo dentro de mim, foi um tempo muito gratificante.
Primeiro a expectativa de descobrir o sexo, conseguimos ver com 12 semanas, tava lá o pintinho, um menino.
Depois a deliciosa tarefa de comprar o enxoval, arrumar o quartinho, decorar tudo. Muito bom!
Bom, como a maioria das mães de primeira viagem eu tinha muitas dúvidas, então li muito durante a gravidez. Recebia boletins semanais do site Babycenter, li O Livro do Bebê, O que esperar quando você está esperando e várias matérias de blogs e sites. Mas na verdade a maioria das dúvidas foram tiradas na prática!
Quero muito viver essa sensação novamente... Foi um tempo inesquecível!







quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A importância do colo – O conceito de continuum

Meninas, por falar em colo achei super interessante esse artigo que li no blog Mãe de 2 e resolvi publica-lo aqui.


Jean Liedloff (1926-2011)

A antropóloga americana Jean Liedloff estudou a tribo venezuelana dos Yequana e defende que para conseguir um desenvolvimento físico, mental e emocional ótimo, o ser humano e especialmente um bebê, necessita o tipo de experiências às quais a nossa espécie se adaptou durante uma longa evolução. Para uma criança são: constante contato físico com seu cuidador desde o nascimento, dormir com os pais até deixar de fazê-lo por vontade própria, amamentação a livre demanda, ser levado constantemente nos braços ou de maneira que possa observar a atividade do adulto, ter cuidadores que respondam aos seus sinais imediatamente sem julgá-la e finalmente, sentir que cumpre as expectativas dos pais, que é bem-vindo e digno. Segundo Liedloff, as crianças cujas necessidades “continuum” forem satisfeitas crescerão com maior auto-estima e serão mais independentes.

Nos dois anos e meio que morei entre os índios da idade da pedra na selva sul-americana – não consecutivos, mas sim em cinco expedições distintas com muito tempo entre elas para refletir – cheguei a compreender que a natureza humana não é o que nos fizeram acreditar. Os bebês da tribo Yequana, longe de precisarem de paz e tranquilidade para dormir, tiravam uma soneca tranquilinhos enquanto os homens, mulheres ou crianças que os carregavam dançavam, corriam, andavam ou gritavam. Todas as crianças brincavam juntas sem brigar ou discutir e obedeciam aos mais velhos no mesmo instante e de bom grado.

A essa gente, nunca lhes passou pela cabeça a idéia de castigar uma criança e, no entanto, seu comportamento não deixa entrever permissividade nenhuma. Nenhum moleque faz escândalo, interrompe os outros ou espera que um adulto lhe mime. Aos quatro anos, contribuíam mais com as tarefas do lar que davam trabalho elas mesmas. 

Os bebês nos braços quase nunca choravam e era fascinante comprovar que não agitavam os braços e as pernas, não arqueavam as costas nem flexionavam as mãos e os pés. Permaneciam sentados nos slings ou dormiam encostados nos quadris do seu cuidador, desmentindo deste modo a crença de que os bebês precisam mover-se e flexionar as extremidades para exercitar-se.Também observei que não regurgitavam a não ser que estivessem muito doentes e que também não tinham cólicas. Quando se assustavam nos primeiros meses de engatinhar, não esperavam que ninguém acudisse correndo, ao invés disso, iam sozinhos em direção à mãe ou cuidador em busca dessa sensação de segurança antes de seguir com suas explorações. Inclusive sem supervisão, nem os menorzinhos se machucavam.

Será que sua natureza humana é diferente da nossa? Algumas pessoas assim o creem, mas evidentemente só existe uma espécie humana. Que podemos aprender, então, da tribo Yequana?
Antes de tudo, podemos tentar compreender o poder educativo do que eu chamo da “fase do colo”, que começa no momento do nascimento e termina quando o bebê começa a mover-se, quando pode afastar-se do seu cuidador e voltar quando queira. Essa fase consiste, simplesmente, em que o bebê tenha contato físico durante as 24 horas com um adulto ou criança mais velha.

A princípio, vi que essa experiência tinha um efeito extraordinariamente benéfico para os bebês, que não eram tão difíceis de tratar. Seus suaves corpinhos se adaptavam a qualquer postura que fosse cômoda para quem o levasse. Em contraposição a esse exemplo, vemos a incomodidade dos bebês que, com sumo cuidado, dormem no berço ou no carrinho. Bem agasalhados, se encontram lá jogados e rígidos, com o desejo de abrigar-se a um corpo vivo e em movimento: o lugar que lhes corresponde por natureza. Um corpo, em definitivo, que pertence a alguém que acreditará no seu choro e aliviará o seu anseio com braços afetuosos.

Por quê nossa sociedade é tão incompetente? Desde a infância, nos ensinam a não acreditar nos nossos instintos. Condicionados para desconfiar do que sentimos, nos persuadem para que não acreditemos no choro de um bebê que diz: “ Me pega no colo!”, “Quero estar com você!”, “Não me deixe!”. Em lugar disso, recusamos a idéia da resposta natural e seguimos os preceitos da moda que são ditados pelos “especialistas” no cuidado infantil. A perda da fé em nossa experiência inata nos leva a pular de um livro a outro, à medida que vão fracassando todas e cada uma das modas passageiras.

É essencial entender quem são os verdadeiros especialistas. O segundo especialista em cuidado de bebês reside no nosso interior, assim como em cada ser vivo que, por definição, deve saber como cuidar de sua cria. É claro que o maior especialista é o próprio bebê, programado durante milhões de anos de evolução para demonstrar seu temperamento com sons e gestos quando gosta do cuidado que recebe. A evolução é um processo de perfeição que “afinou” nosso comportamento com uma precisão magnífica. O sinal do bebê, a compreensão deste por parte dos que o rodeiam e o impulso a obedecê-la formam parte do caráter da nossa espécie. Nosso intelecto presunçoso demonstrou-se mal preparado para advinhar as autênticas necessidades do bebê. A pergunta costuma ser: “Devo pegar o bebê quando chora?”, “Devo deixar chorar um pouco antes de pegâ-lo?” ou “Deveria deixar que chore para que saiba quem manda e não se torne um tirano?”.

Nenhum bebê concordará com essas imposições. De forma unânime nos fazem saber através de gestos e sinais que não querem que lhes façamos dormir e lhes ponhamos no carrinho.Como essa opção não foi muito defendida na civilização ocidental atual, a relação entre pais e filhos acabou marcada por essa confrontação. 

O jogo se centrou em como fazer o bebê dormir no berço, mas nunca se debateu se é preciso respeitar ou não o choro do bebê. Apesar de que o livro de Tine Thevenin, The Family Bed (A Cama Familiar), entre outros, abriu a brecha com o tema de que as crianças durmam com seus pais, não se abordou com claridade suficiente o princípio mais importante: “Atuar contra a natureza como espécie conduz irremediavelmente à perda do bem-estar”.
Então, uma vez que compreendamos e aceitemos o princípio de respeitar as expectativas inatas, poderemos descobrir com exatidão quais são essas expectativas. Em outras palavras, saberemos o que é que a evolução nos acostumou a experimentar e sentir.


A Função Educativa
Como cheguei à conclusão de quão importante é a fase do colo para o desenvolvimento de uma pessoa? A primeira coisa que vi foi como era feliz essa gente nas florestas da América do Sul com seus bebês penduradinhos no corpo e, pouco a pouco, fui relacionando esse fato tão simples com a qualidade de vida. Mais tarde, cheguei a certas conclusões a respeito de como e por quê é essencial o contato contínuo com o cuidador na fase pós-natal do desenvolvimento.

Por um lado, parece que a pessoa que carrega o bebê (normalmente a mãe durante os primeiros meses e depois uma criança de 4 a 12 anos que devolve o bebê à mãe para que esta lhe dê de comer) está servindo de base para as experiências posteriores. O bebê participa passivamente nas corridas, passeios, risadas, bate-papos, tarefas e brincadeiras do cuidador que o carrega. As atividades, o ritmo, as inflexões de linguagem, a variedade de vistas, noite e dia, a variação de temperatura, secura e humidade, além dos sons da vida em comunidade, formam a base para a participação ativa que começará aos seis ou oito meses, com o arrasto, a engatinhada e depois o passo. Um bebê que passou todo esse tempo deitado no berço, olhando o interior de um carrinho ou o céu, terá perdido a maior parte dessa experiência essencial.

Devido à necessidade que a criança tem de participar, é muito importante que os cuidadores não fiquem olhando pra ele ou perguntando constantemente o que querem, mas sim que deixem que eles mesmos tenham vidas ativas. De vez em quando, não podemos resistir a dar-lhes um monte de beijos, no entanto, uma criança que está acostumada a ver passar a vida agitada que levamos se confunde e se frustra quando nos dedicamos a contemplar como ele vive a sua. Um bebê que não fez mais que contemplar a vida que vivemos, se submerge na confusão se lhe pedimos que seja ele quem a dirija.

Parece que ninguém se deu conta da segunda função essencial da experiência da fase do colo, inclusive eu mesma, até meados da década de 60. Esta experiência dota os bebês de um mecanismo de descarga do excesso de energia que não são capazes de fazer por si mesmos. Nos meses anteriores a poder mover-se sozinhos, acumulam energia mediante a absorção do alimento e a luz solar. É então quando o bebê necessita o contato constante com o campo energético de uma pessoa ativa que possa descarregar o excesso de energia que nenhum dos dois utiliza. Isso explica porque os bebês Yequana estavam tão relaxados e porque não ficavam rígidos, davam chutes ou arqueavam as costas.

Para oferecer uma experiência ótima nesta etapa temos que aprender a descarregar nossa energia de maneira eficaz. Podemos acalmar mais rapidamente um bebê correndo com ele, dançando ou fazendo o que seja para eliminar o excesso de energia próprio. Uma mãe ou pai que tem que sair de repente para buscar alguma coisa não precisa dizer: ”Fica com o bebê que vou correndo até a loja”. O que tenha que sair que leve o bebê. Quanto mais ação, melhor.

Bebês e adultos experimentam tensões quando a circulação de energia nos seus músculos não flui bem. Um bebê cheio de energia acumulada não descarregada está pedindo ação: uma volta pela sala dando pulinhos ou uma dança agitada. O campo de energia do bebê aproveitará imediatamente essa descarga do adulto. Os bebês não são as pessoinhas frágeis que costumamos tratar com luvas de seda. De fato, se neste estágio de formação tratamos a um bebê como se fosse frágil, acabará acreditando que é fraco de verdade.

Como pais, podemos conseguir a destreza para comprender o fluxo de energia do nosso filho. No processo, descobriremos muitas mais maneiras de ajudá-lo a manter o suave tônus muscular do bem-estar ancestral e de proporcionar-lhe a calma e o conforto que necessita para sentir-se confortável nesse mundo.


Leitura:
- Continuum Concept, The – Liedloff, Jean. Perseus Books (1986).

revista espanhola Tu Bebé, número 188.
http://www.continuum-concept.org/

Tradução: Bel Kock-Allaman